Amadurecimento precoce e ciclo de vida curto : como o envelhecimento rápido afeta a reprodução dos peixes anuais
Autor: Vinicius Weber (Currículo Lattes)
Resumo
Os peixes anuais habitam pequenas áreas úmidas temporárias que secam sazonalmente. A sobrevivência em áreas úmidas temporárias requer adaptações fisiológicas, morfológicas e/ou do ciclo de vida. Para sobreviver nesses ambientes, os peixes anuais apresentam crescimento acelerado, maturidade sexual precoce e alto investimento em reprodução, com ovos resistentes a seca capazes de entrar em diapausa conforme as condições ambientais. Além disso, apresentam cobertura de apostas em suas estratégias de desenvolvimento e eclosão, permitindo-lhes lidar com a imprevisibilidade do hidroperíodo das áreas úmidas temporárias. Nesse sentido, investigamos no primeiro capítulo a fecundidade dos peixes anuais Matylebias cyaneus e Cynopoecilus nigrovittatus individualmente e em interação in situ durante todo o hidroperíodo (inundação precoce, secagem e inundação tardia) de uma lagoa temporária. Nossos resultados mostram que as espécies apresentam reprodução parcelada ao longo de todo ciclo de vida. O tratamento monoespecífico de Matylebias cyaneus não apresentou efeito sobre a fecundidade em relação ao tamanho corporal, peso e fase de inundação. No tratamento monoespecífico de Cynopoecilus nigrovittatus, houve efeito positivo do tamanho corporal das fêmeas e do período de amostragem sobre o número de ovos, que foi maior na fase tardia da cheia. No tratamento interespecífico, M. cyaneus depositou menos ovos na fase inicial de cheia quando comparado ao tratamento monoespecífico, e C. nigrovittatus apresentou redução no número de ovos, considerando todo o ciclo hidrológico. No segundo capítulo testamos se Matilebias cyaneus poderia "mudar suas apostas" dinamicamente em resposta a ciclos hidrológicos variados, combinando procedimentos de campo e de laboratório para avaliar ajustes nos estágios de desenvolvimento embrionário e eclosão. Quando comparados, os embriões de um cenário de secagem no inverno (espera-se uma reinundação em breve) versus um cenário de secagem na primavera (espera-se uma reinundação posterior) exibiram uma proporção maior de escape da diapausa I, tempos de desenvolvimento mais curtos e taxas de eclosão mais altas.