Tese - Claudio Rossano Trindade Trindade

Metacomunidades de macrófitas em áreas úmidas da planície costeira do Rio Grande do Sul

Autor: Claudio Rossano Trindade Trindade (Currículo Lattes)

Resumo

A Teoria de Metacomunidades tornou-se um dos grandes temas da Ecologia, possibilitando o entendimento de fatores que influenciam a dinâmica e a estrutura de comunidades biológicas em diferentes escalas, no espaço e no tempo. Minha tese avaliou questões relacionadas a metacomunidades de macrófitas aquáticas em áreas úmidas da planície costeira do estado do Rio Grande do Sul (PCRS), no sul do Brasil. Especificamente, estruturei a escrita em dois capítulos com os seguintes objetivos: i) analisar os Elementos da Estrutura de Metacomunidades (EMS) de macrófitas de áreas úmidas da PCRS, para a identificação de qual tipo de metacomunidade prevalece na planície costeira e suas relações ambientais e climáticas; ii) avaliar a contribuição local (LCBD; i.e. singularidade composicional) e a contribuição das espécies (SCBD) para a diversidade beta regional das metacomunidades de macrófitas aquáticas de áreas úmidas da PCRS e suas correlações ambientais e climáticas. Para isso realizei as coletas de dados entre janeiro e fevereiro de 2016 em 29 áreas úmidas ao longo dos 640 km de extensão da PCRS, onde, in situ, fiz o levantamento das espécies de macrófitas e coletei os dados ambientais (físicos e químicos) e, posteriormente, obtive os dados climáticos de toda a extensão da planície costeira. No primeiro capítulo, observei que a metacomunidade, influenciada pela temperatura média anual e pelo fósforo total, apresentou um padrão de distribuição Clementsiano, caraterizado pela distribuição em blocos discretos de espécies. Com relação aos grupos funcionais, verifiquei que as espécies emergentes apresentaram um padrão Clementsiano, também influenciadas pela temperatura média anual. Já as espécies flutuantes, influenciadas pelo fósforo total e pela altitude, apresentaram uma estrutura aninhada quase estocástica, enquanto as espécies submersas, determinadas pela temperatura média anual, exibiram um padrão Gleasoniano com distribuições contínuas ao longo da planície costeira. No segundo capítulo, encontrei que a singularidade composicional das comunidades de macrófitas não apresentou uma estrutura espacial clara, sendo positivamente relacionada à singularidade química da água e negativamente à temperatura média do trimestre mais seco. A contribuição das espécies para a diversidade beta foi maior para espécies flutuantes do que para emergentes e submersas. Além disso, o SCBD apresentou correlação com variáveis climáticas e relação positiva com a ocorrência de espécies, sugerindo que espécies com maior frequência de ocorrência contribuem mais para a diversidade beta regional. Com base nos achados nos dois capítulos foi possível identificar e compreender melhor os padrões que determinam a organização espacial das comunidades de macrófitas nas áreas úmidas da PCRS, evidenciando a importância de preditores ambientais e climáticos na estruturação das comunidades, demonstrando que diferentes grupos funcionais respondem de maneira distinta a gradientes ambientais Além disso, foi possível identificar os locais e as espécies mais importantes para a diversidade beta regional, contribuindo assim para o avanço do conhecimento. Por fim, esses achados ampliam nossa percepção sobre a ecologia de metacomunidades e, além disso, poderão ser úteis para a proteção e/ou conservação das áreas úmidas.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: EcologiaEcossistemas de áreas úmidasVegetaçãoMetacomunidadeMacrófitas aquáticasDistribuição espacialDiversidade betaBioma PampaPlanície costeiraRio Grande do Sul